Diferença entre diagramming e modelling
Ao documentar a arquitetura de software, uma decisão fundamental é escolher entre ferramentas de diagramming (diagramação) ou modelling (modelagem). Ambas as abordagens podem representar arquiteturas, como no modelo C4, mas diferem significativamente em suas capacidades, flexibilidade e valor a longo prazo. Abaixo, explicamos a diferença entre diagramming e modelling, destacando suas vantagens e limitações.
Diagramming
Ferramentas de diagramming, como Visio, draw.io, Lucidchart, PlantUML ou Mermaid, são amplamente utilizadas por sua simplicidade e baixo custo de entrada. Elas permitem criar representações visuais da arquitetura de software rapidamente, usando “caixas e linhas” como linguagem principal. No entanto, essa simplicidade traz desvantagens notáveis:
- Falta de Semântica: Ferramentas de diagramming focam na representação visual, sem entender o significado do diagrama. Elas não validam a correção da arquitetura nem ajudam a garantir consistência.
- Consulta Limitada: Não é possível consultar o diagrama para obter informações, como identificar todas as dependências de um componente específico.
- Manutenção Manual: Reutilizar elementos entre diagramas exige copiar e colar, e renomear um elemento significa atualizá-lo manualmente em todos os diagramas onde aparece.
- Desafios com Controle de Versão: Muitas ferramentas de diagramming usam formatos de dados proprietários ou complexos, dificultando o rastreamento de mudanças em sistemas de controle de versão ou a integração com pull requests.
Embora o diagramming seja intuitivo e acessível, ele frequentemente resulta em documentação fragmentada e difícil de manter, especialmente em sistemas complexos.
Modelling
Ferramentas de modelling, como Sparx EA, Archi, IcePanel ou Structurizr, adotam uma abordagem mais estruturada. Em vez de focar apenas em visuais, elas permitem construir um modelo não visual da arquitetura de software — uma definição única e consistente de todos os elementos (nós) e suas relações (arestas). Os diagramas são criados como visões desse modelo subjacente. Essa abordagem exige mais rigor inicial, mas oferece vantagens significativas:
- Compreensão Semântica: Ferramentas de modelling entendem a semântica da arquitetura, permitindo validação, verificações de consistência e assistência automatizada.
- Atualizações Centralizadas: Renomear um elemento ou atualizar uma relação é feito uma vez no modelo, refletindo automaticamente em todas as visões.
- Consultas e Análises: Modelos são dados estruturados (basicamente grafos direcionados), permitindo consultas para obter insights, como análise de dependências ou avaliação de impactos.
- Extensibilidade: Modelos podem ser exportados para outras ferramentas, integrados a fluxos de trabalho ou usados para gerar visualizações alternativas, tornando-os altamente versáteis.
- Escalabilidade: A modelagem suporta arquiteturas complexas ao permitir múltiplas visões e visualizações avançadas, como discutido em recursos como “O modelo C4 escala?“.
Ponto Principal
No fundo, modelos de arquitetura de software são apenas dados — estruturados, manipuláveis e reutilizáveis. Ferramentas de diagramming priorizam saídas visuais rápidas, mas carecem da profundidade necessária para gerenciar complexidade ou evoluir com o sistema. Ferramentas de modelling, embora exijam mais disciplina, fornecem uma base robusta para entender, manter e expandir a documentação de arquitetura. Ao tratar o modelo como dados, desenvolvedores podem aproveitar uma ampla gama de ferramentas para visualizá-los, consultá-los e manipulá-los, desbloqueando oportunidades poderosas para colaboração e análise.
Para equipes que buscam documentar e manter arquiteturas de software complexas de forma eficaz, a transição de diagramming para modelling é um passo estratégico rumo à escalabilidade e sustentabilidade.